Terapia e Meditação: A Dialética do Crescimento – Psicologia Corporal

Terapia e Meditação: A Dialética do Crescimento

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O movimento da vida é dialético, ou seja, cada ação já traz o seu oposto junto. Cada afirmação já vem acompanhada da sua própria negação.

É muito difícil conceber a totalidade da vida, porque além de englobar o seu oposto numa única ação, numa única percepção, teríamos também de abarcar o vasto desconhecido e o incognoscível.

Devido a nossa maneira parcial de olhar, tendemos a escolher sempre partes de um fenômeno. Por exemplo: se somos pessoas muito ativas, temos dificuldades com a passividade, o repouso e a imobilidade.
Muitas vezes focamos a nossa vida no aspecto mental, no nosso intelecto e na nossa mente. Desenvolvemo-nos muito intelectualmente e esquecemos que temos um corpo físico que necessita de atenção e cuidado. E vice-versa.

Não somos apenas corpo e não somos apenas mente. Somos um processo dinâmico psicossomático e somos o além também, ou seja,  somos também aquilo que não pode ser dito ou expresso em pensamento, palavra, ou movimento corporal.

Daí a necessidade de um amplo instrumental terapêutico que auxilie nessa investigação: quem sou eu nessa estória toda?;  como posso melhorar o meu estilo de vida?;  como superar certos bloqueios e entraves que me sufocam?;  como sair de uma situação sem saída?;  como superar essa confusão três vezes confusa em que me meti?, etc.


Não é fácil. Aliás a vida não é fácil. Mas ela pode ser facilitada se aprendermos como fluir. E a Vida é algo tão fantástico e misterioso que às vezes para uma questão tremendamente complexa como a nossa mente, podemos ter uma solução extremamente simples.
Às vezes temos que nos mover em ziguezague, escolher aspectos opostos simultaneamente, ou ir por caminhos que não levam a nada. No fluir da vida é necessário a coragem de experimentar, de errar e de ser contraditório.


A Psicoterapia Reichiana demonstrou, ao longo dos anos, ser um instrumento terapêutico de profunda eficácia. Nesse processo psicossomático de terapia, com análise combinada com toques, posturas corporais, respirações, actings, mergulha-se fundo no universo psíquico.

Nessa forma de terapia, a atenção é direcionada tanto ao corpo quanto à mente. O corpo e a mente funcionam como dois aspectos de um mesmo fenômeno, e um influencia o outro na produção e elaboração do material psíquico inconsciente.


Por sua vez,  a Meditação não se ocupa com os conteúdos psíquicos. Ela não quer interferir em nada, nem no corpo nem na mente, mas sim desenvolver e aprofundar a nossa pura e simples capacidade de observação. Não importa qual a técnica meditativa utilizada: no fundo estará sempre presente o fenômeno da observação. Mas observação de quê? Do corpo e suas sensações, dos pensamentos, emoções, estados de humores e de todo o mundo fenomenológico que nos circunda. Esse simples fenômeno da observação pode ser a solução de toda a complexidade da mente.

Meditação e a Terapia podem funcionar como procedimentos complementares no movimento dialético do crescimento humano.

Na Meditação buscamos a total aceitação de nós mesmos, sem julgamentos e sem ter a necessidade de se fazer algo para melhorar-nos.

Na Terapia sentimos que alguma coisa esta errada e algo precisa ser feito para transformar essa realidade.

Se escolhermos apenas a Meditação, os conflitos não elaborados são colocados pra debaixo do tapete do inconsciente e podem contaminar e estancar a nossa vida. Podemos até adotar o comportamento da fachada do meditador zen: sereno e controlado por fora, prestes a explodir por dentro.

Se escolhermos a Terapia, podemos ficar andando em círculos por anos e anos, carecendo da profundidade e da desidentificação dos conteúdos psíquicos e dos padrões de comportamento que a prática meditativa proporciona.


Por essa razão, vale a pena atacarmos os nossos problemas, irmos fundo nos nossos conflitos, mergulharmos na psiquê e remexermos todo o seu conteúdo.  É importante não termos medo de desestruturar-nos, pois mais ali na frente damos um novo sentido a tudo isso e nos reestruturamos. Devemos ser profundamente insatisfeitos com o que nós somos ou com o que quiseram fazer de nós.
Mas ao mesmo tempo podemos esquecer tudo sobre os nossos problemas, ao movermo-nos para dentro da Meditação, profundamente.
Esse é o ziguezague do crescimento.


O ser humano é feliz na fluência e no crescimento. Se estagnarmos em algum ponto, surge o sofrimento, o descontentamento, angústia, impotência, e a depressão.
Também a sensação de estarmos andando em círculos, repetindo a mesma estória sob nova fachada, gera um sentimento frustrante e desanimador.
É nesse momento que precisamos reunir as nossas forças para termos a coragem necessária de irmos em busca da causa. E podemos estar certo de uma coisa: a causa está em nós! Aliás, não poderia estar em nenhum outro lugar. Nós somos a causa! E esse padrão repetitivo não vai parar até nos darmos conta dele, ou seja, até termos a consciência dele. E quando falo consciência não me refiro à compreensão meramente intelectual.

É necessário pagarmos o preço dessa compreensão.
E o ganho só poderá vir através da experiência da nossa totalidade: corpo, mente e o além.


A Meditação e a Terapia bem empregadas,  podem ser de grande ajuda no tratamento clínico terapêutico do indivíduo, recobrando a sua saúde e a sua capacidade inata de fluir e ser feliz.

“A vida é possível apenas por meio de desafios.
A vida é possível apenas quando você tem ambos, bom tempo e mau tempo, quando você tem ambos, prazer e dor, quando você tem ambos, inverno e verão, dia e noite. Quando você tem ambos, tristeza e alegria, desconforto e conforto.
A vida se move entre essas duas polaridades. Movendo-se entre essas duas polaridades, você aprende como ter equilíbrio.


Entre essas duas coisas, você pode aprender como voar até a estrela mais distante.
As dificuldades sempre existem, são parte da vida. E é bom que existam,
ou não haveria crescimento.
Dificuldades são desafios.
Elas o incitam a trabalhar, a pensar, a descobrir meios de sobrepujá-las.
O próprio esforço é essencial. Assim, sempre tome as dificuldades como bênçãos.
Sem dificuldades, estaríamos perdidos. Dificuldades maiores virão,
e isso significa que a existência está cuidando de você, está lhe dando mais desafios.


E, quanto mais você os soluciona, maiores desafios estarão esperando por você.
As dificuldades desaparecem somente no último momento,
mas esse último momento chega somente devido às dificuldades.
Assim, nunca tome negativamente qualquer dificuldade.
Descubra o algo positivo nela para o seu aprendizado.
A mesma rocha que bloqueia o caminho poderá funcionar como um degrau.
E se não houvesse essa rocha no caminho, como você se elevaria?
E o próprio processo de ir acima dela, tornando-a um degrau, dá-lhe uma nova atitude de ser.


Quando você pensa criativamente sobre a vida, tudo é útil e tudo tem algo a lhe dar.
Nada é sem sentido.”

(OSHO)

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